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Descubra como resgatar a simplicidade e esponteneidade da vida

“A única forma de desenvolvimento é um esforço constante através da meditação” Dalai Lama

Escrito por: @autopoesys

Me digam… o que a história de um rico empresário e um simples pescador, tem a ver com meditação?

Para respondermos esta pergunta, primeiro teremos que perscrutar os elementos desta intrigante relação.

Comecemos, pois, pela fábula…

A fábula do pescador 

Conta uma fábula contemporânea que:

Certa vez um empresário estava passando suas férias em uma pequena ilha paradisíaca no Atlântico. Lá observou um pescador voltando do mar com uma quantidade pequena de peixes em seu barco.

O empresário chegou um pouco mais perto e ficou fascinado com o tamanho e a variedade dos peixes. Ele, então, parabenizou o pescador e lhe perguntou quanto tempo levara para pegar aqueles peixes.

O pescador prontamente respondeu:

– Não muito senhor, eu diria que levei somente algumas horas.

O empresário espantado disse-lhe:

– Uau, você realmente me parece um grande pescador. Mas me diga uma coisa, por que o senhor não ficou mais algumas horas no mar para pescar ainda mais peixes?

O pescador sorriu.– Porque faria isto, senhor? Eu ganho o suficiente para sustentar a mim e a minha família. Não preciso pescar nada além do pesquei hoje.

O executivo, então, estufou o peito, abriu um grande sorriso no rosto e falou:

– Olha só, eu sou um homem de negócios, tenho diversas formações e muita experiência em ajudar as pessoas a ganharem muito dinheiro.

Vou aproveitar que estou de férias e lhe dar alguns valiosos conselhos que podem mudar a sua vida. Então, escute com atenção!

O pescador, mesmo um pouco receoso, não recusou:

– Claro, por que não?

E o empresário iniciou:

– Pelo que noto, você poderia pescar por mais tempo durante o dia e conseguir um número bem maior de peixes.

 A maior parte destes peixes você poderia vender para intermediários da região. Com o dinheiro das vendas, você poderia comprar um barco maior e daí pescar mais peixes. 

Depois de alguns anos, você poderia vender esse barco e comprar vários barcos até ter sua própria frota.

 Dedicando um pouco mais de tempo ao negócio, logo você poderia vender diretamente para as grandes fábricas ou cooperativas de pescados, dispensando os intermediários. 

E quem sabe em dez ou quinze anos, você poderia ter a sua própria fábrica para industrializar os peixes. Desse modo você controlaria todo o processo, da entrada até a distribuição.

O pescador se mostrava atento a cada palavra proferida pelo empresário. O empresário, por sua vez, se mostrava cada vez mais confiante e convicto, e continuava:

– Veja só, e qual a melhor parte de tudo isso?

 Depois que sua indústria estiver consolidada, talvez em quinze ou vinte anos, você poderia abrir o capital dela, colocando as ações na Bolsa de Valores e expandindo assim ainda mais o seu negócio. 

Neste momento, a empresa já estaria sendo gerida pela sua equipe de diretores, e você poderia, merecidamente, descansar, pois seria um homem muito rico. 

Ai sim, você poderia dedicar tempo para sua família, passar as férias numa belíssima ilha paradisíaca, ir pescar sem preocupação, aproveitando todas as coisas boas da vida. 

E então, o que você acha? Concluiu o empresário.

O pescador olhou atento para o empresário, deu uma rápida coçada na cabeça, pensou por um momento e disse:

– Olha senhor, até acho que entendi a sua ideia, mas o que o senhor me oferece não é tudo o que eu já tenho hoje?

A complicada relação entre nós e nossa mente

A arte de meditar, cujas origem se perde na noite do tempo, diz respeito a aquietar a mente, esvaziando-a do redemoinho de pensamentos que nos distraem sem tirá-la do estado de alerta.

Para o entendimento correto do que seja meditação há, dentre várias metáforas orientais, uma estampada num mural do mosteiro budista Kopan, no Nepal, sobre a seguinte ilustração:

  • ao longo de um caminho sinuoso, um homem corre desesperadamente atrás de um elefante que, indiferente aos seus berros, segue os passos de um macaco desvairado..
  •  após várias curvas e muitas tentativas, o homem consegue montar o elefante, ultrapassa o macaco e, finalmente, pacifica os animais, assumindo ele próprio o comando da caravana. 

Objetivo desta metáfora é retratar a complicada relação entre nós e o nosso mundo mental.

Neste sentido,

o macaco apressado representa os pensamentos que continuamente arrastam a mente, o elefante,  num ritmo alucinante.

O homem, porém, forçado a ir ao encalço da dupla ansiosa, tem sempre a possibilidade de tomar para si as rédeas e pôr as coisas em ordem. 

A isso podemos chamar de  meditação.

Caminhos para começar a  praticar a arte da meditação

Meditar deixa a mente quieta,  esvaziando-a da tempestade de pensamentos que nos distraem, sem tirá-la do estado de alerta. 

Ou seja,  meditar nos possibilita domar o elefante da nossa mente pelo exercício da atenção plena,

para logo em seguida serenar o macaco travesso dos nossos pensamentos, mediante uma concentração afinada.

Na prática, a arte da meditação implica num relaxamento corporal e redução da respiração, que levem a sentirmos um estado de paz, calma e tranquilidade, tanto física como mentalmente.

O que podemos iniciar dando pequenos passos, tais como:

  • Encontre um lugar tranquilo e confortável: onde possamos sentar sem ser interrompidos;
  • Sente-se em uma posição confortável: sentarmos  em uma posição confortável com as costas retas e os pés apoiados no chão; pode ser numa cadeira ou no chão com as pernas cruzadas;
  • Concentre-se na sua respiração: fecharmos os olhos e nos concentramos  na respiração, inspirando profundamente pelo nariz e expirando pela boca;
  • Comece com sessões curtas: começarmos com sessões curtas de meditação, como 5 minutos por dia. À medida que nos se sentir mais confortáveis, a gente aumenta gradualmente o tempo de meditação;
  • Mantenha uma rotina:  meditarmos todos os dias no mesmo horário. Isso ajudará a tornar a meditação parte de nossa rotina diária;
  • Use aplicativos de meditação: existem muitos aplicativos de meditação disponíveis que podem nos ajudar a começar, tais como:  Headspace, Calm Izen, e Meditopia.

Falsas aparências

Parece simples né?. E é!

 Mas isso não quer dizer que meditar seja  fácil.

Principalmente para nós,  pessoas ocidentais urbanas e herdeiras do racionalismo grego, habituadas a trafegar na contramão do procedimento meditativo. 

Aprendemos que, para resolver um assunto qualquer  ou até mesmo para compreender a vida, o primeiro passo é pensar, pensar e pensar… 

Mas, a meditação nos ensina exatamente o oposto: parar de pensar ou, pelo menos, reduzir o fluxo dos pensamentos. 

Viver, ultrapassa qualquer entendimento, diria Clarice Lispector, neste caso.

Não é que o pensamento não tenha importância para a nossa vida. Nós precisamos dele e da mente para lidar com objetivos práticos do nosso dia-a-dia.

Porém, o problema está quando desequilibramos essa função essencial do nosso neocórtex, tornando-a quase patológica. 

Ficamos, assim,  prisioneiros de um processo que tem por base a memória, no seu passado remoído,  e a previsão, no seu futuro ansiado, que não nos deixam à vontade nem em paz.

 Meditar, portanto, é saltar para fora desse sistema mental, que bem parece uma armadilha.

Para nos colocarmos no lugar e na situação em que somos só presença plena, sem outra disposição senão a de observar aquilo que é de forma pura, sem desvios ou julgamentos, vivendo o que Eckhart Tolle chama de o poder do agora.

 Forma de resgatar a simplicidade e naturalidade da vida

Meditação é, antes de mais nada, uma forma de resgatar a naturalidade e a simplicidade da vida, como no caso da fábula do pescador e o rico empresário.

Podemos ousar dizer que ela integra uma cesta básica, como água e sol, a que todo ser humano tem direito. 

Mas, talvez, isso só fique explícito para gente como eu e você, mergulhada na complexidade e no tumulto das cenas da nossa vida, neste nosso admirável mundo novo,

mas com o coração sedento por um pouco mais de paz-ciência.

E se isso for verdade, fica a pergunta: o que podemos fazer para tornar esta prática mais conhecida e praticada nos dias de hoje?

Livre,

Leve,

Voe!

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