Escrito por: @autopoesys
Pare,
olhe,
escute…
Você já percebeu o quanto somos seres guiados por padrões de comportamentos? E o quanto nossos comportamentos, que criamos a partir de experiências passadas, podem influenciar o modo como enfrentamos as situações vividas por nós?
Em geral, adquirimos estes padrões de comportamentos, nos seis primeiros anos de vida ou na chamada janela de oportunidade, faixa de idade que o aprendizado de habilidades, desenvolvimento de aptidões e competências acontecem com mais facilidade e agilidade.
E esses sistemas comportamentais, no fundo, são crenças que criamos, muitas vezes limitantes, a partir das experiências adquiridas neste período da primeira infância, que vão nos acompanhar ao longo da nossa vida, sussurrando no nosso íntimo regras sobre como devemos lidar com os desafios que nos acontecem.
Só que a gente cresce e os modelos de comportamento da infância talvez já não sejam adequados. Então, para não ficarmos vida fora sendo comandados por programas existenciais que já não nos ajudam, precisamos estar atentos aos modos como andamos por aí, existência a fora…
Necessidade de estima e reconhecimento
Abraham Maslow, psicólogo americano muito conhecido pela sua famosa pirâmide da hierarquia de necessidades, fala que nossos comportamentos são motivados por necessidades básicas. Uma delas é a de estima, que, dentre outras coisas, implica na necessidade de sermos reconhecidos socialmente.
Espreitando um pouco a fundo esta necessidade de estima e reconhecimento, vemos que ela, mesmo sendo essencial ao nosso desenvolvimento pessoal ao longo da vida, esconde um certo perigo ao qual devemos estar atentos.
A princípio, é legítimo em nosso processo de desenvolvimento humano querermos ser reconhecidos, uma vez tal necessidade suprir nossa carência por atenção e desejo de pertencimento a um grupo social.
Porém, como bem nos alerta a psicóloga Valéria de Castro, a busca por saciar esta necessidade pode gerar em nós um padrão de comportamento que nos leve à falsa impressão de que, para sermos reconhecidos pelos outros devemos:
- ser perfeitos, a todo custo;
- Agradar sempre, e ser bonzinho ou boazinha o tempo todo;
- Ser apressado, e não ter tempo para si;
- Ser forte, e tudo suportar;
- Ser esforçado, e complicar o que é simples.
Os cincos exageros que atrapalha a nossa vida
Talvez na sua lista de comportamentos exagerados, frutos da necessidade de reconhecimento, na sua versão disfuncional e tóxica, que às vezes nos domina, haja ou outros tantos. Por ora, olhemos com mais atenção para os cinco detectados pela mencionada psicóloga, para ver como podem atrapalhar bastante a nossa vida.
1. Ser perfeito
Neste nosso mundo VUCA, de
- constantes e rápidas mudanças,
- incertezas,
- complexidades,
- e ambiguidades,
somos cada vez mais cobrados pelo bom desempenho e eficiência naquilo que fazemos, para sermos cada dia nossa melhor versão. Não há espaço para erros.
A busca pela perfeição pode gerar em nós uma compulsão pelos bons resultados. Fazendo com que não sejamos capazes de suportar falhas, por menores que sejam: nem as nossas nem as dos outros.
Quem vive dentro desse exagero, está impedido de sentir e de vivenciar com com toda sua potencialidade as suas emoções.
2. Agradar Sempre
Agradar aos outros, em geral, não é um defeito. Pelo contrário, quando a gente sabe agradar as pessoas, tornamo-nos queridos à nossa volta. O agrado, neste caso, pode trazer retornos gratificantes para nós, seja pela felicidade do outro, seja pela satisfação pessoal de fazer o bem.
O exagero acontece, e o agrado se torna um problema, quando esse ato não é espontâneo e passa a ser uma obrigação, ou uma conveniência em troca de algum ganho.
Aí a gente passa pela vida com a terrível tarefa de estar sempre bajulando os outros. Só que para isso temos que engolir sapos. Ou seja, ignorar ou atropelar nossos próprios sentimentos, para nos sentirmos responsáveis pelo bem-estar alheio.
3. Ser Apressado
Neste nosso mundo atual de constantes e rápidas mudanças, “para não ficarmos pra trás” e ter sempre mais, temos que ter pressa – pelo menos é o que dizem por aí.
E andando apressados, seguimos nosso caminho reforçando aquelas crenças, que um dia aprendemos, de que:
- temos que viver em cada minuto o nosso último momento,
- correr tanto, sem perceber que passamos por tudo sem sentir nada,
- engolir o alimento, pois não dá tempo pra sentar e nem mastigar, sem perceber o sabor gostoso que ele provoca na nossa boca,
- falar rápido, sem deixar de entrar em contato verdadeiro com o outro,
- ouvir sem escutar, sem dar a devida atenção para não perder o valioso tempo.
4. Ser Forte
Às vezes a vida coloca algumas pedras no nosso caminho para percebermos sua face mais dura. Não há outra opção, assim, senão ser forte! Unir inteligência com emoção e agir com coragem antes os desafios que aparecem.
No entanto, mais cedo ou mais tarde é normal a nossa força se apagar e aí a gente se esgota, se quebra…
Pelo exagero da compulsão por ser forte somos sequestrados pela necessidade de ter que ser a todo custo um verdadeiro herói, ainda que passemos pela vida escondendo de nós mesmos nossos mais puros sentimentos.
5. Ser esforçado
E, por fim, o exagero do ser uma pessoa esforçada faz com que vivemos a vida:
- assumindo mais compromissos do que podemos,
- culpando os outros,
- não focados nas coisas que de fato podemos ter algum controle,
- quase fazendo alguma coisa boa para nós mesmos,
- preocupados com o esforço e não com a satisfação,
- deixando de lado nossas potencialidades pessoais.
A forma como nos comportamos não determina quem somos
A boa notícia é que, conforme a PNL, tudo o que aprendemos ao longo de nossas vidas, como: capacidades, habilidades e ações, passaram por uma programação neurolinguística. E, portanto, o que aprendemos pode ser desaprendido.
Mas para isso é necessário que passemos por uma verdadeira experiência, própria do campo da espiritualidade, de renovação da mente, como nos fala Paulo de Tarso na sua carta aos Romanos (12, 1-3).
Podemos, sim, empreender em nossa vida a mudança dos padrões de comportamento que adquirimos na primeira infância, para um jeito diferente de agir, pensar e adquirir novas maneiras de ser e estar no mundo. Pois, a forma como nos comportamos não determina quem somos.
Se nosso comportamentos são sustentados e movidos por necessidades básicas, como nos fala Maslow, então, a mudança deles começa pelo exercício de estarmos atentos aos anseios de nosso corpo e nossa alma.
E ai?
Do que você tem fome?
Do que você tem sede?
Livre,
Leve,
Voe!